Apresentado em Novembro/2013 à LUPUS Equipamentos de Lubrificação e Abastecimento
(Introdução do International Business Plan - Individual – MBA FGV – COMEX
21 – 2013/2015)
Segundo o Prof. Dr. Orleans Silva Martins, falando sobre os efeitos da
globalização no mercado internacional, existe um conjunto de forças controla o
processo de globalização, tendo de uma lado as políticas governamentais de
abertura econômica e de outro forças conduzidas pelo progresso tecnológico,
principalmente nos setores de comunicação e transportes. Enquanto a produção mundial
cresceu seis vezes nos últimos quarenta anos, os fluxos comerciais cresceu
quinze vezes, expansão nunca vista no cenário internacional.
Visando aumentar a escala de operação, reduzir custos e ampliar
participações nos mercados nacionais e internacionais, nota-se que grande parte
dos negócios internacionais é realizada por empresas do mesmo grupo, entre
matriz e subsidiárias, de acordo com as vantagens dos países envolvidos. Outra
realidade são os arranjos regionais de comércio, sendo estimado que o comércio
realizado internamente aos blocos econômicos de livre comércio representam
atualmente mais de 50% do comércio mundial. Nos parágrafos abaixo são citados
alguns fatos marcantes que indicam a proporção das transformações que estão
ocorrendo no cenário internacional nos últimos anos.
Em 25 de abril 1994, após oito anos de negociações na Rodada Uruguai em,
o antigo acordo GATT (Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio) criado em 1947 deu
lugar à OMC - Organização Mundial do Comércio, em 1995. A OMC é uma organização
internacional, com personalidade jurídica própria e que detém privilégios e
imunidades diplomáticos análogos aos organismos especializados das Nações
Unidas (ONU), diferente do GATT que é apenas um tratado internacional.
Atualmente com 159 países membros, as funções básicas da OMC são: facilitar
a implantação dos acordos, regras e mecanismos multilaterais e dos instrumentos
jurídicos negociados na Rodada Uruguai; servir de foro para negociações
relacionadas ao comércio entre os países membros; administrar o Entendimento
sobre Solução de Controvérsias e administrar o Mecanismo de Exame das Políticas
Comerciais, cooperando paralelamente com o FMI e Banco Mundial para que se
obtenha maior coerência na elaboração das políticas econômicas em escala
mundial.
Em 2001, por não ser considerada uma economia de mercado a China
ingressou na OMC, porém com a obrigação de realizar amplas reformas internas
para cumprir as regras da OMC até 2016, período em que ela não poderá usufruir
dos Acordos sobre o Comércio de Bens, como Medidas Antidumping, Salvaguardas,
Subsídios e Medidas Compensatórias. E recentemente, segundo matéria do Valor
Econômico de 15/11/2013, a China anunciou plano ambicioso de liberalização
econômica e social, divulgando detalhes de um plano abrangente de reforma
econômica e social, prometendo reduzir o papel do governo em diversos setores e
estimular as forças de mercado.
Em matéria publicada em 23/11/2013, por Clóvis Rossi, colunista da Folha
de São Paulo, os negociadores da OMC estão fechando um pacote de acordos a ser
definitivamente aprovado na Conferência Ministerial que ocorrerá a partir do
dia 3 de dezembro de 2013 em Bali, na Indonésia. O pacote em fase final de
negociação prevê a "facilitação de negócios". Há cálculos apontando
para um acréscimo de US$ 1 trilhão ao comércio internacional (quase quase meio
Brasil) apenas com mais rapidez no embarque e desembarque de mercadorias. Na
área agrícola consolida regras e propostas que facilita o acesso de bens
agrícolas aos mercados, área em que o Brasil é um dos mais importantes atores
no comércio mundial.
Também em matéria veiculada em 23/11/2013 na Folha de São Paulo por
Renata Agostini, o acordo para a facilitação do comércio na OMC pode reduzir em
10% os custos para a exportação e a importação de produtos. Nos setor dos bens
manufaturados, o qual tem experimentado queda nas vendas, a economia pode
chegar a 14% de acordo com estudo elaborado pela CNI (Confederação Nacional da
Indústria). Temas como a adoção de um "portal único" para o
desembaraço de mercadorias e o fim da "consularização", da exigência
de registro de inúmeros documentos de comércio exterior nos consulados, os
quais seriam principalmente importante para pequenas e médias empresas, segundo
Carlos Abijaodi, da CNI.
Em 25/11/2013, foi circulada a matéria no jornal Valor Econômico sobre o
fechamento de um acordo histórico dos EUA e outros cinco países com o Irã. Este
acordo previa a redução do embargo econômico ao Irã em troca de ações para
limitar o programa nuclear iraniano. "O acordo exige a paralisação da
produção de combustível nuclear de grau próximo ao usado em bombas e a
eliminação do estoque de material físsil. Em troca, o Irã ganhará trégua nas
sanções econômicas."
É notável a evolução no comércio internacional, acordos bilaterais,
acordos regionais, multilaterais, país não considerado economia de mercado se
integrando à OMC, país com sanções econômicas recebendo tréguas, indícios de
abertura econômica, enfim, um cenário de muitas oportunidades e desafios, que
requer mudanças de paradigmas das organizações.
Atualmente vivemos a fase da Globalidade, uma fase pós-globalização.
Países que antes eram considerados subdesenvolvidos hoje competem de igual para
igual e até com vantagens sobre as imponentes multinacionais do primeiro mundo,
da fase da globalização.
Globalidade significa reinventar-se, buscar oportunidades, chamar a si a
responsabilidade de encontrar soluções, focar em mudança através da
criatividade, livrar-se de antigos paradigmas, libertar a performance,
descobrir como ajudar, mudar como fazer, ter paixão pelo que se faz. É quando a
as distâncias foram eliminadas, o tempo de resposta se tornou praticamente
nulo, o crescimento impulsionado pela internet é vertiginoso e o grande
diferencial, mais do que nunca, são as pessoas como fontes de transformação.
Vivemos em uma Sociedade do Conhecimento, onde as informações devem ser
transformadas continuamente em novos conceitos, gerando formas diferentes e
mais eficazes de se fazer o mesmo. Segundo Adam Smith em seu livro Riqueza das
Nações, o capital natural representa até 20%, os bens de capital até 20%,
enquanto os recursos humanos representam mais de 60% na definição da riqueza de
uma nação. Um grande exemplo disso é o Japão, tem escassez de capital natural,
porém tem o diferencial nos recursos humanos, o que o coloca na posição da 3a.
nação mais rica do mundo.
Isso vem de encontro à tese do professor de Desenvolvimento Econômico da
Universidade de Harvard, Ricardo Hausmann: "o que impulsiona o crescimento
é o conhecimento, não o conhecimento no nível do indivíduo, mais sim o
conhecimento da sociedade, utilizado de forma integrada entre os
indivíduos".
De acordo com a psicóloga do trabalho Lis Andréa Soboll, as novas
configurações de gestão, neste “novo” cenário de competição globalizada, são
propícios à complexidade do ambiente de competitividade em que as empresas
estão inseridas, afetando empresas de todos os portes. Diante disso, não há
espaço para o amadorismo. É preciso saber administrar os vários tipos de
conhecimento existentes dentro da empresa e fazê-los entrar em ação.
O conhecimento não está acima dos recursos humanos; cada um deve ser
julgado por sua contribuição pelo objetivo comum da empresa e não pela sua
superioridade ou inferioridade implícita. Portanto, a organização moderna não
pode ser do tipo chefe-subordinado, deve ser organizada como uma verdadeira
equipe, através da integração de processos e funções.
Quando isso não ocorre, uma das fraquezas (análise SWOT) do ambiente
organizacional, conhecido como "miopia gerencial", surge como freio
para o crescimento e inovação dentro das empresas, pois a "inovação
empresarial depende do engajamento das pessoas", segundo Jussara Dutra,
gerente de Desenvolvimento Humano e Organizacional da Senior, em matéria
publicada no site da Revista Você RH. Inovação é questionar as crenças
existentes e desafiar a lógica convencional, com o objetivo de lançar idéias
que podem revolucionar o mundo, dando origem a novos produtos e serviços, é
quando muitas empresas nascem e outras se reinventam.
Porém como quebrar paradigmas e promover a criatividade, sair do
cotidiano mecanizado que muitas vezes desmotiva os colaboradores e favorece a
concorrência não é tarefa fácil. O principal desafio da Gestão do Processo de
Inovação é construir um clima propício para que as pessoas criem vínculos e se
engajem, se comprometam com os objetivos da organização.
Pessoas engajadas são pessoas comprometidas para a realização de uma
causa, para que voluntariamente dediquem seus esforços para criar. Pois o
Processo de Inovação não é um processo que se implanta somente com a publicação
de um procedimento, de um conjunto de regras e, sim, somente é possível em uma
organização com colaboradores realmente engajados. O engajamento é um processo
emocional, diretamente ligado à capacidade das lideranças de se comunicarem com
as equipes, para que estas se sintam capazes de contribuir e participar
("empowerment").
Voltando à "miopia gerencial", a mesma tem origem em crenças
profundas validadas no passado e na superioridade de antigos modelos de negócio
e gestão, na qual a formação dos gestores era voltada para supervisionar e
controlar, com a premissa de que o saber era um bem privativo apenas a eles,
gerando distanciamento dos gestores aos seus colaboradores.
Isso converge com outra fraqueza organizacional, ilustrada pelo conceito
da "mentalidade do silo". Da matéria publicada no Blog Inteligência
Competitiva, a mentalidade do silo é a falta de capacidade de interagir,
comunicar-se e cooperar. Silos são construções de formato cilíndrico, altos,
sem janelas e cumprem suas funções isoladamente, sem comunicarem-se uns com os
outros.
Daí surgiu a analogia dos silos com alguns departamentos, grupos ou
indivíduos que procuram agir isoladamente dentro de uma empresa, não
interagindo, não comunicando-se ou cooperando com as demais áreas, processos e
funções de uma organização, representando uma grande ameaça por colocarem em
risco tanto as atividades internas da organização como as externas,
representadas pelo relacionamento com clientes, fornecedores e outros parceiros
de negócios.
O enfrentamento destas fraquezas exige medidas que mudem conceitos
culturais e comportamentais já arraigados na organização. É preciso desenvolver
novas competências nos gestores, competências que viabilizem a troca de
informações entre as pessoas e que respeite a diversidade de idéias. Exige que
se aperfeiçoem os sistemas de liderança, administração, planejamento,
motivação, qualidade e controles de desempenho.
Também exige a adoção de sistemas de gestão dos conhecimentos
empresariais visando fortalecer o desenvolvimento e compartilhamento de
conhecimentos. Além disso, é preciso gerar um ambiente de confiança entre
funcionários e empresa, confiança que permita as pessoas experimentar novas
formas de se realizar os processos, novos produtos, novos serviços.
Concluindo, o cenário atual expõe as disparidades e diferenciam as
organizações que possuem condições de crescer em um ambiente aberto,
competitivo e dinâmico, daquelas que só sobreviveriam em uma economia fechada e
protegida. Ou seja, as empresas precisam se adaptar às escalas compatíveis com
o mercado aberto, é questão de competitividade e sobrevivência do negócio.
Enfim, na era da tecnologia da informação, é impossível se isolar do comércio
internacional.